Projeto aprovado pela Câmara, que prevê a abertura dos espaços esportivos das escolas municipais para a comunidade, foi vetado pelo prefeito Marcelo Rangel na última semana.
Além das aulas de Educação Física, espaços ficariam a disposição da população nos fins de semana
Na contramão de projetos sociais em diversas cidades do país, e também de uma recomendação da Unesco, o prefeito Marcelo Rangel (MD) vetou o projeto de lei - aprovado no mês passado pela Câmara Municipal - que previa a abertura dos espaços esportivos das escolas municipais de Ponta Grossa nos fins de semana. O veto foi recebido na tarde de segunda-feira (10) pelos vereadores, e causou insatisfação principalmente no presidente da Casa, Aliel Machado (PCdoB), autor da proposição.
Na justificativa, Rangel se utilizou de um comunicado enviado pela Secretaria de Educação, que trazia a opinião contrária das diretorias de todas as 86 escolas da cidade. "É dessa forma que nossos governantes querem transformar nossas escolas... em ambientes de usos de drogas, práticas de pichações, usos de bebidas alcoólicas e de diversos delitos como tráfico de drogas?", traz o documento, expondo a opinião de uma das diretoras. Além disso, o comunicado também lembrou sobre o mau estado de conservação dos miniginásios, inaugurados no fim da década de 90.
Para o vereador Aliel Machado, a justificativa utilizada pelo prefeito - através do comunicado da Secretaria - foi infeliz. "Respeito o veto, mas o que me deixa triste é justificativa utilizada. Era o momento para o Poder Público assumir a responsabilidade de ajudar no combate a violência e o tráfico de drogas pela inclusão social nas comunidades", justifica o parlamentar. Já sobre os miniginásios, Aliel lembra que alguns espaços seguem em plena atividade e recebendo a população normalmente.
"É um desconhecimento dizer que todos os miniginásios estão ruins. Temos exemplos muito positivos, como o da Vila Liane, do Santa Marta e do próprio Santa Paula, onde a comunidade se uniu e cuida bem do espaço até hoje", ressalta. No projeto de lei aprovado em 13 de maio, o texto previa o acompanhamento e a realização de ações esportivas e educativas pela Secretaria de Educação e a Fundação Municipal de Esportes (Fundesp) nas escolas, além da destinação de efetivo da Guarda Municipal para a segurança do patrimônio público.
"Não dá para apenas abrir e não dar nenhum tipo de segurança. É aí que entra a elaboração de projetos de inclusão para a utilização efetiva destes espaços, afinal são mais de 80 quadras que hoje estão fechadas", lembra o vereador. Já para o presidente da Fundesp, Leopoldo Cunha Neto, a decisão das diretoras das escolas precisa ser respeitada. "Temos que levar em consideração a opinião de pessoas que vivem a realidade das escolas, que estão no dia-a-dia", pondera.
Exemplos positivos são maioria
A utilização dos espaços esportivos para a comunidade nos fins de semana não seria uma exclusividade de Ponta Grossa. Em Curitiba, o projeto Comunidade Escola - iniciado em 2005 - é realizado em 96 escolas da cidade e atende a população com oficinas, atividades esportivas e cursos profissionalizantes. "Em muitos lugares, a escola é único espaço coletivo para a comunidade. Por isso é importante que a gente faça com as pessoas se sintam parte da escola, para além da função pedagógica", destaca Alvaro Nogueira, coordenador do projeto.
Já a Unesco, por sua vez, possui um programa em sete estados brasileiros para atendimento a comunidade através da escola. Ao todo, mais de cinco milhões de pessoas são atingidas em "uma estratégia de abertura das escolas públicas com atividades de esporte, arte, cultura e lazer, com uma perspectiva de disseminação de uma cultura de não-violência e de promoção da cidadania de adolescentes, jovens e da comunidade escolar", destaca o texto que explica os objetivos da iniciativa.
Fonte: Sebastião Neto
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