Depois de bate-boca e xingamentos, filiados do PSOL, PCO e PSTU também deixam o protesto; uma pessoa, ao menos, ficou ferida.
Manifestantes mostram cartazes contra partidos políticos Eliária Andrade / Agência O Globo
SÃO PAULO - O ato para comemorar a redução da tarifa do transporte coletivo nesta quinta-feira em São Paulo dá sinal claro de uma polarização entre quem defende a presença de partidos políticos e entre os que querem simplesmente reivindicar por um “Brasil melhor”. Ao longo da passeata na Avenida Paulista militantes do PT, PSOL, PSTU e PCO, além de movimentos como o MST, CUT e UNE, foram hostilizados. Houve briga entre grupos partidários e manifestantes, bate-boca e xingamentos. Depois de quase duas horas de provocações, os partidos começaram a abandonar o ato. Segundo a Polícia Militar, cerca de 100 mil pessoas participaram do ato.
A maior hostilização deu-se com o PT, que era o maior grupo com cerca de 500 pessoas. Assim que se juntaram aos manifestantes, os petistas foram recebidos com vaias e xingamentos de “mensaleiros”. Os petistas reagiram esticando bandeiras e sob gritos de “democracia”.
Os petistas, acompanhados de militantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e do MST, atravessaram a avenida tentando se proteger de objetos atirados pela multidão. Depois de mais de uma hora de provocação, houve troca de socos e, apesar da orientação de lideranças do partido para que não reagissem, uma pessoa, ao menos, foi retirada na cabeça.
Foi o caso do advogado Guiherme Nascimento, de 26 anos, que foi atingido por um cabo de bandeira.
— Foi o PT quem me atacou. Me deu uma paulada na cabeça — afirmou.
O clima foi tenso, mas os policiais estão orientados a não intervir. Alguns skinheads atiraram bomba contra um grupo de militantes de esquerda e de movimentos sociais. Ao longo de toda a passeata, bandeiras de partidos e movimentos de esquerda foram destruídas por manifestantes. Há hostilização mesmo com grupos partidários menores. Duas mulheres saíram no tapa no meio da passeata. No Masp, houve um início de confusão quando militantes do PSTU, com bandeiras, foram xingados. No grupo do PT, um manifestante arrancou a bandeira de um militante e quebrou, iniciando um empurra-empurra. Alguns militantes do PCO recolheram bandeiras para evitar confronto.
Até mesmo lideranças do Movimento Passe Livre (MPL), organizador dos protestos contra o reajuste da tarifa nos últimos dias, foram ameaçadas e chamadas de “oportunistas” por um grupo que foi ao ato para reivindicar o fim da corrupção e estava insatisfeito com a presença dos partidos na passeata.
Desde a concentração para o ato o clima era de apreensão. Um grupo contrário à presença de partidos políticos na passeata gritava palavras de ordem como “Vão para Cuba” e “Vão para a Venezuela” para lmilitantes da União Nacional dos Estudantes (UNE), que reagiram:
— Baixou a tarifa e agora bota na conta da Fifa.
Dirigentes do PT passaram pela passeata para chamar os manifestantes para se concentrarem na Angélica, do outro lado da Rua da Consolação. A ordem do PT é para que se evite provocações.
Bruno Zanini, de 22 anos, funcionário do setor da saúde, disse que “todo o mundo é anônimo, a bronca é em relação a qualquer partido, porque todos eles vão fazer uma coisa que é a coligação”.
Filiado do PSOL, José Henrique Leme argumentou:
— O estado é democrático e o espaço é de todo mundo. O PSOL está nesses protestos desde o início.
A passeata, na região da Avenida Paulista, começou às 17h05 com o público cantando Hino Nacional e gritando palavras de ordem como “O Povo acordo”. Toda a Paulista foi bloqueada para veículos para garantir segurança aos manifestantes. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, 3 mil policiais acompanham os manifestantes.
Simpatizantes do Movimento Passe Livre (MPL) defendem a queda completa na tarifa de ônibus. O evento também virou um palco para protestar contra as obras da Copa, a corrupção e a PEC 37. Há cartazes que pedem desde a prisão dos mensaleiros a mais investimento na educação. Os grupos Pátria Minha e Revoltados Online, comunidades formadas nas redes sociais, se destacam no meio da multidão pelos gritos de “Político ladrão seu lugar é na prisão”.
Camila Tavares de Souza, 29 anos, veio do Parque Rede, limite de São Paulo com Diadema. É sua primeira manifestação.
— Vim atrás do nosso direito — disse, segurando cartaz da PEC 37.
Perguntanda sobre a PEC 37, ela recorreu a uma amiga:
— O que é mesmo? — indagou.
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