domingo, 16 de junho de 2013

O que fazer com o histórico Mercadão?

mercadão Sinônimo de intenso comércio, antigo Mercado Municipal de Ponta Grossa está no limbo. Prefeitura não sabe se a melhor solução é revitalizar ou demolir

O ruflar de asas das pombas que habitam o antigo Mercado Municipal Prefeito José Hoffmann, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, é o único som que se ouve nas galerias daquele que já foi o principal espaço de comércio da cidade. Inaugurado em 31 de maio de 1969, o prédio com cerca de 400 boxes reunia lojas das mais diversas: de banca de frutas a funilaria. Em 2009, a empresa que construiu o “Mercadão” e detinha sua concessão, faliu. O prédio foi esvaziado e encampado pelo município de Ponta Grossa dois anos depois. Desde então, porém, a própria prefeitura admite que não sabe o que fazer com o espaço de aproximadamente 6 mil metros quadrados que fica bem no centro da cidade. Na verdade, há uma dúvida: revitalizar ou demolir?

O secretário municipal de planejamento, João Ney Marçal, afirma que a solução ainda vai demandar tempo e estudo. “Precisamos realizar uma perícia minuciosa para saber se a revitalização é realmente viável”. Segundo ele, no entanto ainda não está definida uma data para a abertura do processo de licitação para a escolha da empresa que fará a perícia. Entre as possibilidades futuras está a instalação de uma escola profissionalizante e até mesmo um terminal de ônibus auxiliar.

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Dos anos áureos, Luiz Hiar lembra das “frutas e verduras vendidas no atacado”

Túnel do tempo

Num dos pisos inferiores do antigo mercado, um túnel escuro e cheio de entulho acabou fazendo Luiz Hiar, funcionário da prefeitura, lembrar a adolescência. “Quando tinha 14 anos trabalhei aqui. Eles vendiam frutas e verduras no atacado. Os caminhões estacionavam perto no fim do corredor. Fiz esse serviço por dois anos”, recorda o engenheiro.

Estrutura

A perícia ainda pode demorar, mas o engenheiro civil da Secretaria de Obras de Ponta Grossa, Luiz Hiar, aponta alguns problemas que podem comprometer ainda mais a estrutura do Mercadão, já bastante danificada pelo tempo. Numa visita realizada pela reportagem da Gazeta do Povo com autorização da prefeitura, já que os portões do prédio ficam fechados, Hiar mostra as bases de muitos pilares onde os vergalhões de aço estão aparentes e totalmente corroídos. “A umidade está entrando há muitos anos pelo telhado, que também apresenta problemas, e deteriorou a estrutura metálica”, afirma Hiar, enquanto desbasta um pedaço de vergalhão que se soltou da estrutura.

Em 2011, quando o processo de encampação retirou os cerca de 30 comerciantes que tinham boxes no Mercadão, a prefeitura chegou a iniciar uma reforma do local para implantar alguns setores administrativos do próprio município. Várias “meias-paredes” foram demolidas e algumas poucas chegaram a ser construídas. No entanto, o trabalho não durou três meses. “Logo que começamos a perceber os sérios danos na estrutura, a obra foi parada. Do jeito que está, o prédio não aguentaria. Mas, por enquanto, ele não corre risco iminente de desabar”, garante Hiar, que participou das obras em 2011.

Da Praça da Matriz ao “Buraco Quente”

Ao longo da história de Ponta Grossa, os espaços que ganharam o nome de “Mercado Municipal” na cidade foram mudando de lugar. A historiadora aposentada Isolde Maria Waldmann desenvolveu uma pesquisa que recuperou alguns desses fatos. Como o que acontecia no final do século 19, quando os comerciantes se reuniam em quatro casinhas de 35 metros quadrados cada uma, na esquina das ruas Sete de Setembro e Marechal Deodoro. Em 1897, um novo mercado foi erguido nos fundos da Praça da Igreja Matriz de Sant’Ana.

O prédio novo era mais cômodo do que o antigo aglomerado, mas foi demolido em 1908 para dar lugar ao Grupo Escolar Senador Correia, em 1912. “Em 1930 a Câmara Municipal chegou a receber a proposta de construção de um novo mercado, mas ela não saiu do papel”, conta Isolde. O Mercadão foi inaugurado em 1969 em um local curioso: o “Buraco Quente”, um barranco à beira do arroio Pilão de Pedra.

Fonte: Josué Teixeira/Gazeta do Povo

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