“Saudade da época em que era resolvido com borrachada”, diz promotor de justiça sobre protestos. Rogério Zagallo publicou em seu facebook que arquivaria o inquérito de quem matasse os manifestantes contra o aumento da passagem.
Promotor Rogério Zagallo convocou tropa de choque a assassinar manifestantes
Na última sexta-feira 7, o 1º promotor de Justiça do 5º Tribunal do Júri, Rogério Leão Zagallo, se manifestou em sua conta pessoal no Facebook a respeito dos protestos contra o aumento da passagem do transporte público em São Paulo. Zagallo reclamava do bloqueio, em protesto organizado pelo Movimento Passe Livre, na avenida Faria Lima e na Marginal Pinheiros. Ele disse que sentia saudades da “época em que esse tipo de coisa era resolvida com borrachada nas costas”.
O conteúdo completo da mensagem pode ser conferido na imagem ao lado. Em justificativa publicada posteriormente, Zagallo disse que “qualquer pessoa minimamente dotada de boa-fé perceberia que aquilo jamais poderia representar a verdade ou caracterizar minha forma de atuar como Promotor de Justiça”.
A mensagem postada pelo promotor na sexta-feira ganhou rápida repercussão na internet. O blogueiro Renato Rovai questionou a autoria da mensagem junto ao promotor. Segundo postou em seu blog Rovai abordou Zagallo pela própria rede social no domingo pela manhã e recebeu a confirmação do Facebook de que sua mensagem havia sido visualizada pelo promotor, cerca de uma hora depois. Entretanto, seu questionamento não foi respondido.
O posicionamento de Zagallo veio horas depois, em uma nova postagem também pela sua página pessoal no Facebook. O promotor confirmou ser o autor da frase e explicou que entende “como lícita e válida toda forma de protesto, debate e discussão sobre temas que estão na pauta da administração de uma grande cidade”, e completou dizendo que “sinceramente, acredito que o Movimento Passe Livre exercitou seu legítimo direito ao protesto;”. Entretanto, o promotor afirmou não concordar “com a forma de execução da legítima manifestação do grupo chamado MPL”.
Zagallo disse ainda que o comentário foi fruto de “um desabafo” motivado pelas longas horas de espera no trânsito. “Em face da enorme repercussão do comentário, hei por bem retira-lo de minha página do Facebook”. Consultada, a página do promotor na rede social não contém o comentário inicial, nem a justificativa publicada posteriormente.
Não é a primeira vez que o promotor Rogério Zagallo se envolve em polêmicas à respeito do tratamento dispensado aos criminosos. Em março de 2011, ele pediu o arquivamento de um processo sobre um suposto assalto contra um policial civil que terminou com um suspeito morto sob o argumento de que “bandido que dá tiro para matar tem que tomar tiro para morrer”. O crime, considerado pelo promotor como ato de “legítima defesa,” ocorreu em setembro de 2010.
No documento, Zagallo ainda lamentou que “tenha sido apenas um dos rapinantes enviado para o inferno” e aconselhou o policial civil em ação, Marcos Antônio Teixeira Marins. “Fica aqui um conselho para Marcos Antônio: melhore sua mira”.
Abaixo, a íntegra da segunda mensagem postada por Rogério Zagallo no Facebook:
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