quarta-feira, 29 de maio de 2013

Jornal da Manhã - Ponta Grossa: apontamentos históricos

Relações entre jornalistas e mundo político. Nelson Werneck Sodré afirma que tudo é política. Só a ingenuidade sustentaria a inexistência de cumplicidade ideológica entre jornais, política e políticos. Isso se funda nas relações de poder e no processo histórico. Há, evidente, o egocentrismo de uns, medos de todos, ideologia e razões econômicas, fatores que determinam a o modo de produção da notícia e do diversionismo midiático.
Em Ponta Grossa, mundo político e jornais impressos, sempre estiveram afinados num mesmo discurso e sustentando um único projeto social. Mas se valendo da confusão conceitual em sociedade atrasada como a nossa, com fraca presença do pensamento crítico, é sempre oportuno dar uma ideia de divergência, de vez em quando. O que a população tem dificuldade de entender, é onde está a essência da discordância. Por exemplo, nenhuma diferença se constata entre o projeto social do Sr. Jocelito Canto, Péricles de Mello e Plauto Miró Guimarães. Mas a imprensa tomou posição e fez parecer que havia. Na verdade, os editores e proprietários, são embalados além do interesse de manter os jornais, com as fantasias e moralidades falsas da burguesia e dos senhores de terra, que podem propiciar bom investimento em publicidade. Nesse sentido, é de bom alvitre seguir o moralismo da região, do tipo, forasteiro aqui não tem vez e direito.
Por sua vez, os políticos tem um ego muito sobresaliente. Eles precisam ser tratados como mitos, pela imprensa escrito, aparecer nas colunas sociais, ter matérias sensacionalistas sobre seus pronunciamentos, visto que, de sério nada dizem. O jornal se presta a isto.
Do outro lado, os proprietários e editores não olvidam em demonstrar força. Se o político não lê a cartilha e não se porta como bom moço, dentro da linha ideológica do jornal, então ele tem sua imagem conpurscada. O jornal é lido pela classe média, que mesmo em frágeis bases, tem opinião.
Então o político procura estabelecer relações de boa vizinhança com as empresas jornalísticas, que despejam diariamente longas admoestações que beiram a religião, à classe política.
Se não há uma cumplicidade aberta e pessoal, há um atrelamento teórico entre ambos, muitas vezes, o jornal mais sistemático e objetivo em seu discurso que o próprio politico que tem a mesma ideologia.
Os colunistas
No Jornal da Manhã, as mudanças de editores eram muito frequentes e isto influia na abordagem dos momentos políticos, no grau de apreciação das personalidades, embora não alterasse a cosmovisão dos periódicos da cidade. O espaço da abertura era medido por essas mudanças.
Em 1991 o editor do JM era um tal Nunciatto, lernista em extremo, para quem qualquer riso do prefeito curitibano era motivo de nota e comemoração. Lerner, à época, desempenhava papel de ator no PDT, partido cujas teses, jamais defendeu.
Nesse período, Leocir Passetti emprestou seu nome e sua graduação para o Jornal, então administrado por Gustavo Horst e Leandrina Castro. Duas figuras pontificavam no colunismo político, Eloir Rodrigues, mais tarde acadêmico de Comunicação Social, e Edgar Hampft. Este último de extremado conservadorismo, de concepção totalitária. Nesta fase o jornal assumia uma posição dogmática e catecismal a respeito da realidade. Não se devia discutir opinião política com os colunistas. O pensamento dos redatores era a encarnação da verdade, o caminho a ser seguido por toda a sociedade.
Como tempo, além do noticiário político, ocupando página inteira, o editorial, o Jornal da Manhã mantinha as colunas “Expressões” e “Objetivas”, cuja combinação nem passava percebida pelos leitores, mas denunciava o tipo de ideologia que se fabricava na sociedade regional.
Nestas colunas o pensamento progressista, popular e democrático não eram descritos com honrarias e nem com objetividade. Políticos desse campo, por força dos eventos e do destaque, eram mencionados.
Em 1999, refunda-se o Diário dos Campos, Eloir Rodrigues muda de endereço e o Jornal da Manhã fica entregue ao pior espírito reacionário da região e a pobreza de análise. Estávamos diante de uma análise política tendenciosa, uniltateral, esquemática, anti-social, mitológica. O Jornal da Manhã teve breve momento de abertura, foi quando na cadeira de editor-chefe sentou-se o recém-formado Emerson Urizzi Cervi. Foi breve, muito breve.
Nesses anos, jovens recém-formados do Curso de Comunicação Social da UEPG participaram da redação, colocando seu empenho a serviço da ideologia da empresa, o que seria de esperar de quem, como todo cidadão, precisava de experiência e afirmação no mercado de trabalho. Um desses reflexos, foi o Movimento pela Ética e Cidadania ter recrutado na redação do Jornal, sua assessoria de imprensa, numa luta ansiosa contra a pessoa de Jocelito Canto.

Acir (http://www.recantodasletras.com.br/ensaios/3621692)

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